As Principais Espécies Brasileiras
Abelha Jandaíra
Seu nome científico é Melipona interrupta, uma espécie de abelha sem ferrão popularmente conhecida como uruçu-mirim ou manduri, dependendo da região. Essas abelhas são nativas do Nordeste do Brasil, onde desempenham um papel ecológico fundamental na polinização da flora local, contribuindo significativamente para a manutenção dos ecossistemas.
As Melipona interrupta são relativamente pequenas, medindo entre 6 e 7 milímetros de comprimento, e se destacam por sua coloração característica que combina tons de preto e marrom. Essa aparência discreta, aliada ao comportamento geralmente dócil, faz com que sejam bem aceitas pelos criadores de abelhas sem ferrão, especialmente em sistemas de meliponicultura artesanal ou de pequena escala.
Apesar de seu tamanho modesto, essas abelhas são eficientes na coleta de néctar e pólen, sendo capazes de produzir cerca de 1,5 litros de mel por ano. O mel da uruçu-mirim é valorizado não apenas pelo sabor suave e agradável, mas também por suas propriedades medicinais, sendo usado tradicionalmente em tratamentos naturais.
Os ninhos da Melipona interrupta são geralmente construídos em cavidades de árvores ou em caixas racionais fornecidas por criadores, onde a colônia se organiza de forma complexa, com áreas específicas para crias, armazenamento de pólen e potes de mel. Assim como outras espécies do gênero Melipona, a uruçu-mirim possui uma estrutura social bem definida, composta por uma rainha, operárias e alguns poucos machos.
Abelha Uruçu
A palavra “uruçu” tem origem na expressão tupi eiru su, que significa “grande abelha”, uma referência ao tamanho relativamente avantajado dessas abelhas em comparação com outras espécies nativas do Brasil. Dentro desse grupo, existem diversas espécies de abelhas uruçu, sendo as mais conhecidas e amplamente estudadas no território brasileiro a uruçu-amarela (Melipona rufiventris) e a uruçu-nordestina (Melipona scutellaris).
Essas abelhas pertencem ao grupo das meliponíneas, ou seja, são abelhas sem ferrão, e se destacam tanto por sua importância ecológica quanto pelo valor comercial do mel que produzem. São altamente produtivas: uma colônia saudável pode gerar cerca de 10 litros de mel por ano, uma quantidade bastante expressiva para abelhas sem ferrão, o que faz delas uma das espécies preferidas por meliponicultores em todo o país.
Os ninhos das abelhas uruçu são geralmente construídos em ocos de árvores, onde encontram abrigo, proteção e condições adequadas de temperatura e umidade. Essas colônias são bastante populosas, podendo abrigar mais de 5 mil indivíduos, organizados em uma estrutura social complexa e eficiente. O interior dos ninhos é cuidadosamente estruturado com cerume — uma mistura de cera e resinas vegetais — e apresenta áreas específicas para crias, armazenamento de pólen e depósitos de mel.
Fisicamente, as abelhas uruçu medem entre 10 e 12 milímetros de comprimento, sendo consideradas de porte médio a grande entre as abelhas nativas. A coloração do corpo varia entre o negro e o ferrugíneo, com uma pelagem amarelada que cobre parte do tórax e da cabeça, conferindo-lhes um aspecto inconfundível.
Essas abelhas são amplamente distribuídas em diversas regiões do Brasil, sendo encontradas nos estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo. Sua ampla adaptação a diferentes ambientes faz com que desempenhem um papel fundamental na polinização de culturas agrícolas e na conservação da flora nativa.
Abelha Mandaçaia
A abelha mandaçaia, cujo nome científico é Melipona mandaçaia, é uma das espécies de abelhas sem ferrão mais conhecidas e valorizadas no Brasil, especialmente na região Nordeste. Essa espécie se destaca tanto por sua beleza quanto por sua importância ecológica e econômica, sendo bastante apreciada na meliponicultura.
A produção anual de mel da mandaçaia varia entre 1,5 e 2,0 litros, quantidade considerada boa para abelhas sem ferrão. Seu mel é muito procurado por suas propriedades medicinais e por seu sabor suave e agradável. Além disso, essas abelhas desempenham um papel fundamental na polinização de diversas plantas nativas, contribuindo para a manutenção da biodiversidade nos ecossistemas onde vivem.
Os ninhos da Melipona mandaçaia são verdadeiras obras de engenharia natural. Eles podem abrigar mais de 2.000 indivíduos e são construídos com uma mistura de barro, saliva e resina extraída de plantas específicas. Esse material confere ao ninho uma estrutura firme e resistente, geralmente instalada em ocos de árvores ou em caixas racionais fornecidas por criadores. A entrada do ninho é normalmente estreita, protegida com cerume, o que ajuda a controlar a temperatura interna e defender a colônia de invasores.
Essa espécie é nativa do Brasil e habita predominantemente algumas regiões da Bahia, embora também possa ser encontrada em outros estados do Nordeste e do Sudeste. As abelhas mandaçaia têm coloração predominante preta, com listras amarelas no abdômen e uma pelagem preta característica que cobre boa parte do corpo, contribuindo para sua aparência marcante.
Elas medem entre 8 e 12 milímetros de comprimento (e não centímetros, como às vezes é erroneamente citado), sendo consideradas de porte médio entre as abelhas sem ferrão. Seu comportamento é geralmente calmo, o que facilita o manejo por meliponicultores experientes.
Abelha Jataí
Esta abelha, cientificamente conhecida como Tetragonisca angustula, é uma das espécies de abelhas sem ferrão mais populares e amplamente criadas na meliponicultura. Conhecida em várias regiões pelo nome de jataí, ela se destaca tanto por seu comportamento dócil quanto pela alta qualidade de seu mel, que possui grande valor comercial.
O mel produzido pela Tetragonisca angustula é considerado um dos mais puros e medicinais entre as abelhas nativas. Além de ser comestível e muito apreciado por seu sabor delicado, esse mel é amplamente utilizado na medicina popular por suas propriedades terapêuticas. Estudos e saberes tradicionais apontam que ele auxilia na cicatrização de ferimentos, tem ação antimicrobiana e propriedades antialérgicas, sendo empregado no tratamento de inflamações, irritações nos olhos e garganta, entre outros usos medicinais.
Fisicamente, essa abelha é bastante pequena, medindo entre 4 e 5 milímetros. Seu corpo apresenta uma coloração amarelo-ouro característica, com corbículas pretas (as estruturas nas patas traseiras usadas para carregar pólen), o que a torna facilmente reconhecível por criadores e entusiastas.
A distribuição geográfica da Tetragonisca angustula é bastante ampla. Ela pode ser encontrada desde o sul do Brasil, incluindo o estado do Rio Grande do Sul, até regiões mais ao norte da América Latina, chegando ao México. Sua ampla adaptação a diferentes climas e ambientes contribui para sua popularidade entre os meliponicultores de várias regiões do continente.
Abelha Europeia
Apis mellifera é o nome científico da abelha com ferrão mais conhecida e amplamente distribuída no mundo, também chamada de abelha-europeia ou abelha doméstica. Essa espécie desempenha um papel essencial tanto na produção de mel quanto na polinização de uma vasta gama de culturas agrícolas. Originária da Europa e do norte da Rússia, a Apis mellifera foi introduzida em diversos continentes, adaptando-se com sucesso a diferentes climas e ambientes, o que contribuiu para sua ampla presença global.
Uma das características marcantes dessa espécie é sua estrutura social complexa e bem organizada. No interior de um ninho — que pode ser natural, como em ocos de árvores, ou instalado em colmeias por apicultores — costuma haver uma única rainha responsável pela postura de ovos. Em situações excepcionais, é possível encontrar duas rainhas convivendo temporariamente, geralmente durante períodos de transição ou substituição.
A colônia é composta por cerca de 10 a 15 mil operárias, que executam todas as tarefas essenciais para a manutenção da colmeia, como a coleta de néctar e pólen, a produção de cera e mel, e o cuidado com as crias. Além disso, estão presentes entre 500 a 1.500 zangões, cuja única função é fecundar a rainha durante o voo nupcial. Após esse evento, os zangões geralmente morrem ou são expulsos da colônia.
Fisicamente, as abelhas Apis mellifera medem entre 12 e 13 milímetros de comprimento e possuem coloração predominantemente escura, variando do marrom ao preto, com algumas listras claras ao longo do abdômen. Uma de suas características anatômicas mais distintas é a língua relativamente curta, o que limita o acesso ao néctar de flores com corolas muito profundas — uma limitação que influencia diretamente as espécies de plantas que essas abelhas conseguem polinizar de forma eficiente.
Apesar dessas restrições morfológicas, a Apis mellifera é considerada uma das abelhas mais eficientes para a apicultura, graças à sua alta produtividade, resistência e facilidade de manejo. Seu mel é amplamente comercializado em todo o mundo e é referência entre os produtos de origem apícola.
Abelha africanizada
Esta abelha é, na verdade, o resultado de um cruzamento entre duas subespécies: a abelha africana (Apis mellifera scutellata) e a abelha europeia (Apis mellifera). O híbrido gerado a partir desse cruzamento ficou conhecido como abelha africanizada, uma espécie que ganhou fama e notoriedade principalmente por seu comportamento extremamente defensivo e agressivo, o que lhe rendeu o apelido popular de "abelha assassina".
A introdução dessas abelhas ocorreu por volta da década de 1950, durante um experimento conduzido por cientistas brasileiros que buscavam aumentar a produtividade de mel no país, aproveitando a resistência e capacidade de adaptação das abelhas africanas ao clima tropical. No entanto, algumas colônias acabaram escapando do controle de quarentena, o que levou à rápida disseminação dessas abelhas por todo o território brasileiro e, posteriormente, por grande parte do continente americano.
Fisicamente, as abelhas africanizadas possuem tamanho que varia entre 10 e 15 milímetros, sendo ligeiramente menores que algumas abelhas europeias, mas com comportamento muito mais reativo diante de ameaças ao seu ninho. Elas são capazes de perseguir um possível agressor por distâncias que podem chegar a 400 metros, atacando em grande número e com grande persistência, o que representa risco para seres humanos e animais de grande porte quando as colônias são perturbadas.
Apesar da má reputação, essas abelhas também são altamente eficientes na produção de mel e na polinização, desempenhando um papel relevante na agricultura e na manutenção dos ecossistemas onde estão presentes.
Abelha Tuíba
A abelha tuíba, cujo nome científico é Melipona compressipes, é uma espécie nativa do Brasil e pode ser encontrada em diversos estados, como Tocantins, Pará, Piauí, Mato Grosso e Maranhão. É uma abelha sem ferrão bastante valorizada, especialmente pelas comunidades que praticam a meliponicultura na região Norte e Nordeste do país.
Essa espécie se destaca pela sua capacidade produtiva, chegando a produzir, em média, cerca de 3,5 litros de mel por ano — uma quantidade significativa para abelhas sem ferrão. O mel da tuíba é bastante apreciado por seu sabor característico e também por suas propriedades nutricionais e terapêuticas.
Fisicamente, a Melipona compressipes apresenta estatura entre 5 e 6 milímetros de comprimento e uma coloração marcante: seu corpo é predominantemente preto, com listras cinzas ou prateadas no abdômen, além de possuir pelos acinzentados que lhe conferem um aspecto aveludado. Essa aparência distinta facilita sua identificação no campo e contribui para seu reconhecimento entre criadores e pesquisadores.